A arte nasceu com o homem e deu-lhe a consciência de sua capacidade criadora, a possibilidade de imaginar.
É muito importante lembrar que a arte revela o ser, independente de cor, religião, locais geográficos, independente de qualquer coisa.
Se a arte não revela o ser ela não será arte. A arte é comunicação.
Esse sistema de comunicação é sempre ligado a um processo histórico. A arte pressupõe um público. Mesmo que ela não seja feita para o público sempre haverá um que irá olhar. A arte é emissora e receptora, ela emite e recebe ao mesmo tempo.
Na pré-história, o homem se tornou artista há 400 séculos ou 40.000 anos. Esse homem apareceu na fase da Pedra Lascada, em um período chamado PALEOLÍTICO (Paleo=Velho, Litico=Pedra).
Esses homens tinham uma sensibilidade criadora incrível, habilidade e inteligência para a arte quase como os homens de hoje.
Homens da pedra-lascada, homens primitivos, homens das cavernas tem o mesmo significado.
Levou séculos para que o homem aprendesse a transformar pedras em utensílios. Primeiro ele pensou o que fazia com os seixos (pedras lascadas) ou com gravetos. A partir dai ele vai associar forma à função, criando assim o utensílio. A madeira por não ser resistente não durou para que pudéssemos ter como prova mas, os objetos de pedra permanecem até hoje. Esse objetos pessoais foram se aperfeiçoando. Com o aperfeiçoamento desses objetos iremos entrar no Paleolítico, época da pedra lascada.
As cavernas eram mais usadas como abrigos das intempéries do que como moradas. Esses homens são chamados de primitivos, não por serem mais simples do que nós, porque eles foram os primeiros do local mais próximo de onde começou a humanidade. O processo de pensamento deles era muito complicado, muito complexo.
Existem milhares de pinturas rupestres (como são chamadas as pinturas das cavernas). Mesmo hoje vai ser chamada de “pintura rupestre” aquela pintura feita em tons crus, marrons, ocres.
As mais importantes cavernas citadas na História da Arte são:
Altamira na Espanha e Lascaux na França.
São cavernas lotadas de pinturas rupestres.
Antes do homem pintar os mamutes, bisontes, ele passava o dedo no pó da caverna e este nas paredes. Séculos depois ele vai pegar um osso e soprar o pó sobre sua mão na parede da caverna deixando a marca do contorno de sua mão nela.
Depois começaram a pintar os animais sempre no fundo da caverna, em locais inóspitos, bem escondidos. Pintavam mamutes, bisontes (era como avô do elefante ou do boi). Esses locais eram bem inacessíveis e provavelmente subiam um em cima do outro para alcançarem.
Foram descobertos vestígios de luz artificial, tochas recobertas de gordura animal, para poder iluminar o fundo da caverna. A explicação disso tudo é “a magia propiciatória”.
O homem era monista, quer dizer, o mundo para eles era uma realidade só e única. Não separavam o visível do invisível.
Não sabiam a diferença do mundo material do espiritual. Ele pintava o que via. Não sabia a diferença do real para o irreal. A magia propiciatória era o pintar e o matar o animal através do desenho, como se fosse uma mágica, não distinguindo o real do irreal. Essa pintura vai ser uma “pintura realística e figurativa” porque ele vai pintar tal qual ele vê. É a primeira vez que existe um estilo na história da arte.
O homem pré-histórico desenhou muito bem os animais. Ele não desenhou nunca homens porque ele não queria matar outro homem dessa forma, do mesmo jeito que não pintava a flora. Ele precisava do outro homem para preencher aquela imensidão do mundo que estava totalmente vazia. Se ele tivesse um poder sobre outro homem isso iria causar muito medo. Ele precisava do animal para sobreviver e não do homem. Se ele não matasse o animal, ele morria. O animal dava a carne para ele se alimentar, a pele para ele se vestir,e os ossos para ele usar.
O domínio técnico dos homens da caverna é surpreendente. Primeiro utilizou o dedo como pincel, depois o pincel bem rudimentar feito de pêlos e penas de animais. As cores empregadas eram ocre, vermelho, sépia. Essas cores eram devido aos materiais orgânicos de que eram feitas como: fibras, sangue, sementes, ossos carbonizados, carvão vegetal (que usamos até hoje). Não existia requinte por não haver intenção de fazer arte, decorar. O padrão de qualidade não difere do nosso hoje. É tão bom quanto os de hoje. O que difere são as idéias. Não iríamos pintar hoje com a finalidade de fazer magia propiciatória.
A história da arte não é uma história de progressos de técnicas. É uma história de artistas, de pessoas em mutações, com criações, idéias (conteúdo e formas, mas mais de conteúdo), e não de técnicas.
Você pode ter muita técnica mas se não tiver uma concepção artística dificilmente fará alguma coisa.
A arte é realmente a expressão de uma época. O pré-histórico da era paleolítica fez esculturas de figuras femininas em pedra, mulheres de seios enormes, ventre saltado e nádegas enormes, que seria a representação de mulheres grávidas, como “deusas da fertilidade”. É a conquista do pré-histórico de sua capacidade de representar as três dimensões. Outras formas de arte são as gravuras. Eles fazem incisões nas cavernas aproveitando os relevos para dar volume nos desenhos. Os retângulos, triângulos, quadrados, não se sabe como eles tinham conhecimento dessas formas. Nunca ele fizeram representação escultórica de macho, só da fêmea. Deve ser por causa da fertilidade.
Começa o período neolítico, na pedra-polida, 8000 anos depois (dos 40.000). A temperatura era mais amena. Os homens abandonaram a vida nômade, porque com a temperatura amena podiam ficar mais tempo no mesmo local. Na época do paleolítico ficavam pouco tempo na caverna, pois esta começava a deteriorar, entrar água, amontoar um monte de ossos, sem deixar espaço para andar. Eles então largavam tudo lá e escolhiam outro lugar.
Com o tempo mais estável eles passam a ter uma vida sedentária. O homem neolítico consegue o controle sobre a sua alimentação. Começa a plantar, a cultivar e se organizar socialmente formando aldeias. Nessas aldeias não tinha chefe, nem rei por não haver ainda uma hierarquia.
A arte passa a ser feita do lado de fora na entrada das cavernas com o objetivo de serem vistas. Vai surgir as primeiras figuras masculinas. O homem será representado mais forte e mais alto do que a mulher. Não é mais uma magia propiciatória. A arte é feita pela arte. Pintam do lado de fora mostrando os atos da vida coletiva deles, como uma forma de leitura de suas vidas. Eram pinturas sobre a caça, como eles pintavam, etc. Assim vão documentar para as vidas futuras o que a sua comunidade fazia. Eles também começaram a dançar e a cantar.
O cantar era um ajuntamento de sons para cultivar os trabalhos coletivos do plantio e da colheita. Eles percebem que se derem as mãos e saírem cantando a colheita iria ser muito mais interessante. É a primeira mudança de estilo na história da arte. O homem passa de figurativo realista para a pintura geométrica. Tudo é geometrizado e certinho. Vai pintar de uma forma muito esquematizada e muito pior que o homem paleolítico.
A arte neolítica dá um passo atrás pintando da mesma forma que a criança pinta hoje.
As suas preocupações são outras. Passa a ser um ser social.
Vai acontecer uma revolução social, artística econômica e política.
Uma das coisas muito interessantes do homem pré histórico é quando ele toma consciência da dependência que vivia do bem e do mal.
Ele percebe que tem uma coisa que domina e toma conta dele, que é a natureza. Ele percebe que a colheita não depende dele, mas de alguma coisa além dele. Ele pode cultivar e, de repente, não ter essa colheita por causa de uma chuva de granizo ou de uma tempestade. Ele percebe que quem rege o destino do solo é a natureza. Ele tem a concepção que existe um ser, benéfico ou maléfico, alguma a coisa a mais que é dono de tudo isso e que precisa tomar cuidado. A partir da consciência desse ser vai surgir a necessidade da crença e do culto. Começa então a surgir a religião para protegê-lo, ajudá-lo. Vão surgir também mitos, símbolos sagrados, cerimônias fúnebres, sepultamento. Vai aparecer tudo. Vão aparecer as primeiras esculturas dos “deuses”. Ex.: “deus da colheita”
A idade do Bronze também foi descoberta por acaso, quando estavam fazendo uma fogueira em um acampamento quando, de repente, derreteram uma pedra que tinha cobre e estanho. Esses minérios derretidos formaram o bronze que quando esfriava endurecia rapidamente. Essa liga possibilitou modelar uma infinidade de coisas. Os utensílios ficaram bem melhores. No final da idade do bronze já não é mais considerado pré história. É quando eles fazem rodas, carros, etc. Uma grande descoberta sempre leva a outra grande descoberta. E, para finalizar, a Idade do bronze foi muito pobre artisticamente.
A preocupação do homem na idade do bronze era em cima das descobertas técnicas, e utilitárias para a época, mais do que com a beleza.
Obs. Vários pintores do século XX vão trabalhar em cima da história da arte primitiva, é o caso de Picasso.
2 comentários:
EU SOU UM MERDA VAI SE FUDE TURURURURR
Nossa... que explicação ótima, vale a pena!
Postar um comentário